Entre os aplicativos feitos integralmente por desenvolvedores
brasileiros, há enorme preponderância de programas para atender às
demandas de grandes empresas. Deles, boa parte é voltada para a
indústria de mídia.
A Aorta, empresa que produziu o aplicativo para iPhone da Folha,
desenvolve o PlayMe, plataforma usada por muitos dos principais jornais e
revistas do Brasil em suas versões para tablets e smartphones.
Além de atender a esse mercado, a Aorta faz aplicativos para McDonald's,
Petrobras e Skol, adaptando a plataforma PlayMe aos interesses de cada
empresa.
Segundo os donos das maiores desenvolvedoras nacionais de aplicativos, a
dependência dessas marcas é uma questão de sobrevivência. Ainda assim,
há espaço para outras invenções.
O sócio-fundador da FingerTips, Breno Masi, na sede da empresa, em Pinheiros, São Paulo LEONARDO LUÍS
ALEXANDRE ORRICO
AMANDA DEMETRIO
DE SÃO PAULO
Carlos Alberto Jayme, diretor de marketing e vendas da Cinq
Technologies, diz que a criação independente pode ser vantajosa mesmo
quando não gera grande lucro.
"Aplicativos sendo vendidos a US$ 1 não trazem receita nem pagam o
investimento, mas mostram ao mercado a nossa capacidade de fazer
aplicativos", afirma ele. "Eu sempre falo que os aplicativos são as
nossas abelhas, levando a nossa marca pelo mundo", acrescenta.
Hoje, o aplicativo independente mais bem-sucedido da Cinq é o Right
Size, um conversor de medidas de roupa para iPhone e iPad. O Right Size
já teve mais de 1.500 cópias vendidas.
"Uma adolescente disse que sentia a necessidade de um aplicativo que
convertesse tamanhos de roupa entre os padrões do Brasil, dos Estados
Unidos, da Europa, do Japão... Resolvemos fazer."
Breno Masi, 28, sócio-fundador da FingerTips -primeira desenvolvedora
para iPhone do país-, diz que o que falta ao Brasil não é criatividade,
mas investimento. "Temos o Instagram, aplicativo que tem um brasileiro
envolvido, mas nenhum hit mundial 100% brasileiro. O investimento em
aplicativos no Brasil é bem inferior ao dos EUA, por exemplo. Lá, você
consegue US$ 1 milhão fácil. Aqui, os investidores cobram retorno
rápido", afirma.
IOS X ANDROID
É consenso entre os desenvolvedores nacionais que priorizar a produção
de aplicativos para iOS ainda é o melhor negócio, mesmo com o
crescimento do Android. A preferência se dá, sobretudo, pela maturidade
do sistema da Apple.
Apesar disso, Masi aponta um defeito do iOS. "As regras da App Store são
muito rígidas. Já tivemos um caso curioso de aplicativo barrado pela
Apple: era um programa de um bonequinho que repetia o que a pessoa
falava. Ele parecia o Steve Jobs, e o aplicativo se chamava Steve. Não
passou. Renomeamos para Bill e deixamos o boneco parecido com o Bill
Gates."
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/tec/941132-producao-nacional-para-tablets-depende-de-grandes-empresas.shtml
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