A cada
nova informação que é divulgada, fica a impressão de que a situação do
Japão não pode ficar mais crítica. O país precisa suportar terremotos,
efeitos do tsunami, radiação saída de usinas nucleares e a falta de
suprimentos causada por essa combinação de ações da natureza.
Mas além dos danos materiais e das vidas perdidas (até a publicação
deste artigo, o número já passa de 3 mil mortos), é necessário prestar
atenção também nas consequências que tudo isso trará para a economia e,
mais especificamente, para o mundo da tecnologia.
As catástrofes naturais no Japão balançaram todos os setores do país. (Fonte da imagem: Reuters)
O país oriental é, afinal, um dos maiores polos mundiais da área,
principalmente por sustentar um grande número de empresas que
normalmente estão entre as principais na fabricação de produtos de
diversas áreas.
Sendo inegável essa importância para o mercado de gadgets, é claro
que um desastre de tamanha proporção cause problemas na importação e
exportação de eletrônicos e acessórios. O Baixaki explica alguns desses
problemas, que precisam ser superados pelo Japão daqui para frente.
Produções prejudicadas
São vários os fatores que devem afetar o ritmo acelerado de produção e
suprimento da indústria tecnológica japonesa, resultando até em
escassez nos casos mais graves. Felizmente, ao menos os danos materiais
registrados foram poucos.
Empresas como a Sony e a Honda confirmaram acidentes em unidades
localizadas em municípios atingidos, mas ambas as companhias ainda
calculam quanto foi perdido com eventuais inundações ou desabamentos.
Já um fator conhecido que deve causar bastante prejuízo é o
racionamento de energia, previsto para todo o território do país. O
governo japonês dividiu as cidades em blocos, que deverão passar de três
a seis horas no sistema de economia, que pode durar até abril.
Pequenas quedas de energia já causavam problemas que custavam caro
para grandes companhias. Dessa forma, apagar todas as máquinas por
algumas horas pode ter consequências bastante consideráveis.
Além disso, o sistema de transporte está bem comprometido em todo o
país, principalmente no Nordeste. Repassar matérias-primas, componentes
menores e carregamentos de produções finalizadas, portanto, tornou-se
uma tarefa difícil e demorada.
O Japão sempre figura nas primeiras posições na produção de eletrônicos e seus componentes.
Por fim, grande parte das fábricas decidiu fechar as portas de suas
filiais por tempo indeterminado nas regiões atingidas. Até mesmo a indústria dos games sofrerá atrasos por diversos motivos , como apresentar jogos cujos cenários envolvem desastres naturais.
Preços elevados
Estimativas do instituto iSuppli indicavam que, em 2010, o Japão
respondia por 13,9% da produção e revenda de eletrônicos em todo o
mundo. Com os desastres recentes, esses dados correm o risco de sofrer
leves alterações.
Os eletrônicos produzidos por lá devem sofrer um aumento geral de
preços. Todas as paralisações terão efeitos pesados na receita das
companhias – e o lucro obtido com as vendas terá que ser o bastante para
colocá-las de volta na normalidade. Ainda segundo o iSuppli, os preços
continuarão altos durante todo o ano de 2011.
A partir de agora, empresas japonesas iniciam estratégias para evitar prejuízos.
O que já começa a pesar no bolso do consumidor são chips de memória e
painéis e componentes LCD. Empresas que produzem aparelhos que utilizam
tais acessórios buscam tecnologia de fábricas como Toshiba e SanDisk,
que precisaram diminuir o ritmo de funcionamento e então subir os preços para obter equilíbrio financeiro.
Apesar de tudo, é bastante provável que não faltem compradores e não
haja grande perda de mercado mundial, afinal o poder de criação e a
qualidade dos produtos japoneses ainda são levados em conta, mesmo
nesses tempos de crise.