O Eee PC da Asus foi o primeiro da categoria a ser produzido em massa
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Juliana Lisboa
Há cerca de quatro anos, surgia um novo tipo de aparelho no mercado
de computadores. Os netbooks apareceram como uma alternativa aos
notebooks, já que permitiam uma mobilidade maior por preço bastante
inferior. Entretanto, o reinado dos pequenos notáveis - alardeados como
práticos, leves e econômicos -,se viu ameaçado em 2010 com o
aparecimento dos tablets, a última novidade em computadores portáteis
que promete uma inifinidade de funcionalidades em um formato inovador.
Seria o fim dos netbooks?
A verdade é que os netbooks continuam à disposição nas lojas e basta
circular por aí e ver que o produto continua nas mãos de muitos
consumidores. O primeiro modelo lançado pela Asus, uma das principais
fabricantes da categoria, chegou em 2007 com a proposta de ser um
produto mais acessível, que iria levar essa tecnologia para as massas.
"O EeePc 701 criou uma nova categoria no mercado", afirma o Gerente de
Marketing da Asus, Güido Alves. A ideia era suprir a necessidade de
acesso do consumidor, estudantes, por exemplo, a um preço menor e com um
equipamento que tinha autonomia de bateria superior à de um notebook,
explica Alves.
"Não havia processador adequado, softwares, foi preciso adaptar as
tecnologias existentes", completa o gerente da Asus. O primeiro modelo
rodava Linux, tinha um teclado mais enxuto, diferente dos modelos
lançados atualmente.
"A proposta inicial era oferecer uma opção de maior mobilidade, mas
com alguma limitação, como o poder de processamento", afirma Anderson
Kanno, gerente de produto da Acer, outro importante fabricante do setor.
O netbook, com suas telas entre 8.9 e 12 polegadas, surgiu num momento
em que os notebooks ainda eram caros - e continuam sendo para a maior
parte da população. Talvez esse seja o principal ponto que leva os
produtores a crer que a ameaça dos tablets não é tão grande quanto
parece.
"Netbook é uma categoria que não está crescendo muito, não
necessariamente por causa dos tablets", destaca o gerente sênior da
Acer, Alexandre Caraccio. De acordo com ele, os tablets ainda são mais
uma expectativa do que exatamente uma realidade no Brasil.
Ao encontro deste pensamento, Alves diz que "os tablets ainda estão
disponíveis para uma pequena parcela da população". Enquanto o preço dos
tablets gira em torno de R$ 1,5 mil a R$ 2,5 mil, há modelos de netbook
sendo vendidos por R$ 799, R$ 899 ou até menos em grandes lojas de
varejo. "Os tablets causam impacto em mobilidade, mas não em relação ao
preço", ressalta Kanno.
A situação irá variar de acordo com o mercado, mas nos Estados
Unidos, por exemplo, essa diferença é menor (lá um iPad custa US$ 499 e
um netbook sai por US$ 299). Os representantes das empresas contactadas
pelo Terra concordam que no mercado internacional, o impacto do
lançamento dos tablets sobre os netbooks existe. No entanto, "no Brasil,
eu diria que esse impacto é praticamente inexistente", disse Alves.
Caraccio é um pouco mais cauteloso, para ele o mercado brasileiro
observa o que acontece no cenário internacional e "ainda não se sabe
como será aqui."
Além da questão da mobilidade, carro-chefe da propaganda dos netbooks
e que leva muitos usuários a terem um "net" como complemento ao seu PC
ou notebook, o aparelho é uma boa opção para consumidores de entrada, ou
seja, aqueles que querem comprar seu primeiro computador. O preço acaba
sendo atrativo para esse público, que não tem muitas exigências em
termos de configuração (o acesso à internet e o uso de editor de textos
atendem às necessidades básicas de boa parcela dos consumidores). Também
neste quesito, netbook e tablets se distanciam. Segundo Alves, no
Brasil, "grande parte da população não está pronta para começar com o
tablet, esse é um caminho a seguir e deve levar algum tempo." Kanno
lembra que a forma de interação com notebooks e netbooks é semelhante,
no entanto, com o tablet o usuário terá de passar por um processo de
"aprendizagem".
Desde o lançamento, os netbooks evoluíram bastante. Hoje eles têm
melhor poder de processamento, há modelos com tela sensível ao toque,
resolução maior, maior capacidade de bateria - alguns com até 12 horas
de autonomia -, são mais finos, mais leves. Muitos chegam ao mercado
com cores variadas, o que torna o netbook um computador cada vez mais
pessoal.
"O netbook não vai desaparecer, pelo contrário, vai evoluir ainda
mais", prediz Alves. "Há modelos hoje, por exemplo, com capacidade de
processamento superior à de notebooks", lembra o gerente, que explica
uma nova tendência dos "supernetbooks": aparelhos que fazem tudo o que
um notebook faz, com a diferença do tamanho da tela.
Caraccio não é tão otimista, mas concorda com a teoria de que os
"nets" não devem sumir do mercado: "não vai desaparecer nos próximos
anos, mas vai encontrar a sua parcela e terá seu público padrão." De
acordo com ele, hoje para cada dez notebooks vendidos, um netbook chega
às mãos dos consumidores, e este patamar "tende a estagnar". A ideia dos
fabricantes parece ser a de oferecer opções aos consumidores, que têm
necessidades específicas e buscam aparelhos que se adequem a elas.
Fonte: http://tecnologia.terra.com.br/mobilidade/noticias/0,,OI5093984-EI17890,00-Apesar+da+ameaca+dos+tablets+mercado+nao+ve+fim+do+netbook.html
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